terça-feira, 14 de janeiro de 2014

As relações de trabalho na era da globalização

INTRODUÇÃO

A globalização se espalhou pelo mundo desde as grandes navegações, sendo o comercio o meio pelo qual o mundo começou a se relacionar, e com esse relacionamento surgem trocas de informações, dentre elas as invenções tecnológicas nas áreas de transporte e comunicação, possibilitando diminuir distâncias e ultrapassar fronteiras nacionais. Mas a globalização não rege apenas as invenções tecnológicas proporcionadas pela Revolução técnica- cientifica de 1970, mais também a organização da sociedade seja no campo educacional, cultural e principalmente nas novas formas de trabalho.
Das políticas dos Estados á política das empresas a globalização está presente, é ela que ordena e desordena as relações de trabalho, onde acaba por gerar uma fragmentação na forma de se trabalhar, como é o caso do trabalho formal e informal. Mas neste trabalho abordarei o trabalho informal como tema central, sendo os trabalhadores que ocupam os passeios públicos os protagonistas. Trabalhador informal é aquele que trabalha sem condições regulamentadas pelo governo. São incluídas nessa situação as pequenas empresas que não pagam taxas e impostos. Também é chamado de subemprego.
A grande maioria desses indivíduos possui uma baixa escolaridade e como consequência quase nenhuma qualificação profissional, sendo assim encontram-se fora das condições de competitividade dos mercados, onde a criação de emprego no Brasil não corresponde em números ao contingente de trabalhadores, esse é parte de um retrato e contraste dos direitos humanos no mundo globalizado.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
O crescimento do desemprego e a automação faz com que haja mudanças nas relações de trabalho, onde se exige uma maior e constante qualificação profissional dos trabalhadores. A competitividade “tem a guerra como norma. Há a todo custo, que vencer o outro, esmagando-o, para tomar seu lugar.” (M. Santos, 2003, p. 46). Essa competitividade realça ainda mais o interesse em aprender para se obter um maior desempenho, pois o diferencial está na intelectualidade e na manutenção dos talentos de cada trabalhador. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego “Define-se Qualificação Social e Profissional como aquela que permite a inserção e atuação cidadã no mundo do trabalho, com efetivo impacto para a vida e o trabalho das pessoas”. (PNQ 2003-2007, p.24)
Os organizadores dos mercados de trabalho não querem um trabalhador que saiba apenas operar máquinas, mas sim aquele que saiba racionalizar problemas que surgem em seu local de trabalho, encontrando soluções viáveis ao qual não venha denegrir a imagem da empresa e principalmente que não afaste seu cliente. Por isso muitas empresas fazem a chamada política de qualificação profissional de seus empregados, tendo em vista não apenas resultados para o indivíduo, mas sim melhorando a qualidade no atendimento de seus clientes e aumentando seu leque de consumidores. A educação para o trabalho não é promovida apenas pelo setor privado, mais principalmente pelos governos, sejam estes de esfera federal, estadual ou municipal, onde visam diminuir as desigualdades sociais no que se refere à disputa não apenas por emprego formal, mas também por melhores salários.
Segundo Mourão (2009) a qualificação profissional envolve três atores principais: o governo, o trabalhador e as empresas. Para o governo, a qualificação profissional representa uma forma de assegurar a produtividade e competitividade do país; para os trabalhadores, representa autonomia e auto-valorização; e para as empresas a qualificação profissional está associada à própria sobrevivência e à produtividade e à qualidade dos produtos e serviços prestados. A autora ainda nos apresenta uma pesquisa realizada em organizações brasileiras no que se refere a oportunidades de qualificação, ela pesquisou 1.146 organizações, A maioria das organizações (70,4%) possui até 10 funcionários e 21,2% possuem entre 11 a 50 funcionários. Portanto as organizações com mais de 50 funcionários representam menos de 10% do total.
Segundo sua pesquisa quanto à oportunidade de qualificação oferecida pelas organizações está em: treinamento em serviço (46,4%) e cursos dentro ou fora das organizações (42,3%). A terceira resposta mais frequente (Contratação de Pessoas em Primeiro Emprego) ficaram com percentual 1,45 vez menor, atingindo 29,1%, seguida pelas organizações que disseram contratar estagiários (18,9%) ou fazer parte do programa de jovens aprendizes (8,6%). Merece destaque o fato de 26,4% das organizações afirmarem não ter nenhuma ação de qualificação. A autora chegou à constatação que menos da metade das organizações pesquisadas oferecem qualquer tipo de curso, dentro ou fora da organização; e um quarto das organizações não tem nenhuma ação de qualificação profissional. Falando de pesquisa, realizamos uma no centro comercial do município de Belém, foram entrevistados 27  trabalhadores informais, sendo que 23 não tinham nenhum curso de qualificação profissional, e 04 apresentavam algum curso de qualificação profissional, ao perguntarmos por que os mesmo vieram a trabalhar no mercado informal a maioria respondeu que foi por falta de emprego, seguido de falta de oportunidade por não possuir experiência  e  por baixo salário do mercado formal.
      A qualificação profissional também é ofertada por parte do governo nas chamadas políticas públicas de emprego, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, através de programas como Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR) de 1995 até 2003, tendo continuidade com o Plano Nacional de Qualificação (PNQ), a partir de julho de 2003. O PLANFOR programou uma política de formação em massa da mão de obra brasileira, já o PNQ visava o desenvolvimento de competências e habilidades para a ampliação das condições de empregabilidade dos trabalhadores, causando algumas modificações na organização e formas de execução das ações de qualificação.
      Segundo o ministério do trabalho e emprego as políticas públicas de qualificação profissionais promovidas pelo ministério, tem o objetivo de aumentar a probabilidade de obtenção de emprego e trabalho decente, e da participação em processos de geração de oportunidade de trabalho e renda, aonde o trabalhador venha a ser incluído socialmente, contribuindo desta forma para a redução da pobreza, combate à discriminação e diminuição da vulnerabilidade das populações.

ESTRUTURA DO PNQ
             É uma política de qualificação descentralizada funcionando desta forma:
·         Planos Territoriais de Qualificação (em parceria com estados, municípios e entidades sem fins lucrativos).
·         Projetos Especiais de Qualificação (em parceria com entidades do movimento social e organizações não-governamentais)
·         Planos Setoriais de Qualificação (em parceria com sindicatos, empresas, movimentos sociais, governos municipais e estaduais).
Todas as formas de organização descritas acima constituem o PNQ, com a Resolução Nº. 575, de 28 de abril de 2008,  o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT, estabeleceu as  diretrizes e critérios para transferências de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT (que financia as ações do PNQ) aos estados, municípios e entidades sem fins lucrativos, para a execução do Plano Nacional de Qualificação - PNQ.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Zigmunt. Globalização: As consequências humanas - Rio de janeiro: Jorge zahar Ed.1999.

MOURÂO, Lucia. Oportunidades de Qualificação Profissional no Brasil: Reflexões a partir de um Panorama Quantitativo. RAC, Curitiba, v. 13, n. 1, art. 8, p. 136-153, Jan./Mar. 2009     Disponível em http://www.anpad.org.br/rac

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal-13ªed.-Rio de janeiro:Record,2006

Qualificação profissional, dados do PNQ, Disponível em: <http://www.mte.gov.br/pnq/conheca.asp> Acesso em: 07/11/2012.

KON, Anita. PERFIL DO TRABALHO INFORMAL NO BRASIL EM UMA
PERSPECTIVA DE GÊNERO. Disponível em:<<http://www.pucsp.br/eitt/downloads/vi_ciclo_anita_2008.pdf>> Acesso em: 05/11/2012
O Brasil em números, disponível em <<HTTP://WWW.BRASIL.GOV.BR/SOBRE/O-BRASIL/O-BRASIL-EM-NUMEROS-1/TRABALHO-EMPREGO-E-RENDA>> Acesso em: 03/11/2012.


Censo 2010:escolaridade Brasileira Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2125&id_pagina=1>> Acesso em:08/11/2012

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