Comentário do filme Viagem das
ideias
Janusa
Adriana Maciel da Cruz1
O filme “Viagem das ideias” é
baseado no livro “Viagem das idéias” de Renan Freitas Pinto, ao qual trata de
aspectos importantes sobre a Amazônia, mostra que as ideias que temos ou as
informações que temos da Amazônia nem sempre foram construídas por nós. O filme faz crítica sobre essa visão de
Amazônia vista como exótica e mística onde os estudos desse território vasto e
rico em biodiversidade são voltados apenas para a natureza da fauna e da flora,
sendo a natureza humana deixada de lado.
O filme inicia com imagens da
floresta, mostrando a visão do povo europeu de que a Amazônia é uma região
despovoada, em seguida mostra o povo e toda sua diversidade cultural e social
em contra partida a essa visão. O filme conta com comentários de pesquisadores
e escritores que ao longo do filme vão trançando a história desse território
desde o seu descobrimento.
O primeiro a fazer comentário é
o escritor Márcio Souza ao qual tem como cenário o belíssimo teatro de Manaus,
para Souza a formação do conceito da Amazônia está vinculada a Europa, segundo
ele a sociedade europeia ao se abrir as ideias do renascimento, se abre para
possibilidade da existência de outros mundos e a construção através da visão
europeia desses outros mundos.
Para Renan Freitas Pinto o autor
do livro Viagem das Ideias a construção do imaginário da Amazônia também está
vinculada ao olhar europeu, e a visão que temos da Amazônia se baseia nesse
olhar, porque fomos ensinados e aprendemos a ver a Amazônia com a visão dos
europeus. Segundo Renan a construção da Amazônia vista como exótica foi criada
desde o início da descoberta e através de expedições nesse território.
Para o professor Dr. Ribamar B.
Freire da UFRJ, o batismo de Amazônia se baseia no mito grego das amazonas,
para explicar a realidade ao qual eles se encontravam nas expedições, pois para
os exploradores era mais fácil associar a situação em que eles estavam a fatos
conhecidos por eles do que admitir a
existência de outras sociedades, os indígenas. Para Ribamar os pré-conceitos
estabelecidos pelos observadores durante a expedição pela região, fez com que a
população local fosse desmerecida de todo o conhecimento que eles possuíam
dessa região.
Para Eduardo Neves do Museu de arqueologia
da USP, todo brasileiro diz que a Amazônia é nossa, que a Amazônia é do Brasil
é nosso patrimônio, mas os brasileiros não conhecem a Amazônia muito bem, para
Ribamar esse pensamento é uma visão paulista Centrica e discorda plenamente
dessa visão, para Ribamar temos que pensar nos
diferente campos do saber, pensar a Amazônia com a cabeça da gente,
dialogando lá fora.
Marcio Souza toda presunção
elaborada pelos europeus e depois pelos pensadores brasileiros sobre a Amazônia
é a presença dos povos indígenas nessa região sendo esse povo detentor dos
conhecimentos, dos enigmas sobre essa região, os pensadores europeus e
brasileiros se perguntam como essas populações indígenas conseguiram viver,
trabalhar e se relacionar com o meio ambiente e não destruí-lo por milhares de
anos.
Eduardo Neves destaca a produção
da terra preta pelos indígenas que até a atualidade não se tem o conhecimento
de como se produzir tal terra, que tem propriedades químicas que ainda não são
bem conhecidos, e não perdem sua fertilidade. Para ele quando os antropólogos
começaram a estudar cientificamente os índios da Amazônia a partir do ciclo da
borracha, pegaram a história dos povos indígenas em outro estagio, onde a
configuração demográfica das populações indígenas apresentava-se reduzida,
devido a um processo histórico dramático.
Renan Freitas aborda a visão do
índio a partir dos seus próprios olhares, ou seja, a mudança de paradigma da
imagem do índio, que sempre foi representado pelos antropólogos como um ser bárbaro, nessa mudança de paradigma
da imagem do índio surge os movimentos políticos indígenas.
Eduardo Neves complementa a fala
de Ribamar quando diz que os índios em geral são visto como seres sem história e
não pertencentes à história sendo pertencente somente a natureza, para ele os
indígenas modificam a natureza.
Em suma para os protagonistas
desse filme pensa-se na Amazônia como uma região marcada pelo exotismo,
isolada, inibida culturalmente, ou seja, o próprio povo da Amazônia não se vê
como parte da Amazônia.
A importância da Amazônia no
currículo escolar esta no fato dessa necessidade de conhecer o próprio espaço
que ocupamos, pois o currículo é a identidade de um povo, e conhecer o espaço
com toda sua biodiversidade e complexidade cultural com identidade própria traz conhecimentos que
não estão fora da realidade de quem vive aqui nessa região, um currículo mais
regionalizado provoca nas populações locais a defesa dessa região com toda sua
riqueza cultural e social, pois jamais pode-se dizer que a região amazônica possui
uma única cultura, mas sim múltiplas
culturas com identidades próprias dentro de uma mesma região.
1 Aluna do Curso de Pedagogia da
UFPA.
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